Heitor Villa-Lobos
Ocupação:
Músico
Data de Nascimento:
05/03/1887
Data da Morte:
17/11/1959 (72 anos)
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) não foi apenas um compositor; ele foi a figura criativa mais significativa da música clássica brasileira no Século XX. Mais do que isso, é reconhecido como o compositor sul-americano mais conhecido de todos os tempos. Sua obra, que ultrapassou a marca de 2 mil composições, é um verdadeiro mapa musical do Brasil.
Nascido no Rio de Janeiro, sua vida foi uma aventura que moldou a identidade sonora do país. Sua data de nascimento, 5 de março, é, merecidamente, celebrada como o Dia Nacional da Música Clássica.
O Gênio Que Declarou: "Eu Sou o Folclore"
O grande feito de Villa-Lobos foi injetar a alma brasileira na rigidez da música erudita.
Seu pai, Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador, foi o primeiro a incentivá-lo, adaptando uma viola para que o jovem Heitor iniciasse seus estudos de violoncelo. Aos 13 anos, órfão, ele trocou os estudos formais pelo aprendizado da rua.
A Escola dos Chorões: Villa-Lobos passou a tocar em teatros, cafés e bailes, absorvendo a intensa musicalidade dos “chorões” do Rio de Janeiro. Essa experiência foi essencial: ele absorveu o universo musical popular e indígena, que seria a espinha dorsal de sua obra.
Essa fusão única fez dele um modernista. Suas composições são o ponto de encontro entre os elementos do folclore regional e a tradição clássica europeia. Certa vez, em uma turnê pela Europa, ele sintetizou seu trabalho em uma frase icônica:
“Eu não uso o folclore, eu sou o folclore.”
Da Semana de 22 a Paris: A Construção do Mito
Villa-Lobos foi um agitador cultural desde cedo.
Em 1922, ele participou da Semana da Arte Moderna em São Paulo, um marco do modernismo brasileiro. No ano seguinte, embarcou para a Europa. Em Paris, ele teve contato com toda a vanguarda musical da época, retornando ao Brasil em 1924, mas voltando à capital francesa em 1927, bancado pelo mecenas Carlos Guinle.
Foi nesse período que ele criou algumas de suas obras mais importantes para o violão, como as Études (dedicadas a Andrés Segovia) e os 5 Prelúdios (dedicados à sua segunda esposa, Arminda Neves d’Almeida).
A volta definitiva ao Brasil se deu em 1930, quando o dinheiro não podia ser retirado do país devido à revolução. Forçado a ficar, ele usou a oportunidade para se tornar o grande maestro nacional.
O Projeto Nacionalista e o Canto Orfeônico
Após 1930, Villa-Lobos se engajou ativamente na educação musical do país.
Ele se tornou diretor da Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA) e liderou a Cruzada do Canto Orfeônico. Em um período marcado pelo Governo Vargas, Villa-Lobos defendeu a brasilidade, vendo a nação como uma entidade sagrada.
Seu projeto educacional era monumental. Ele organizava grandes espetáculos, incluindo um notável coral de 30 mil crianças cantando o hino nacional no Dia da Independência de 1939. Para a educação, ele criou conceitos como:
- Califasia: Pronúncia legível e perfeita do texto.
- Califonia: Cantar a melodia com perfeita afinação.
- Calirritmia: Ajuste da palavra ao ritmo da música.
Embora essa fase tenha sido criticada por seu alinhamento com o nacionalismo estatal, ela foi crucial para a formação musical de gerações de brasileiros.
Bachianas, Choros e um Legado Imenso
A fase mais célebre de sua produção é a série das nove Bachianas Brasileiras (1930–1945), onde ele aproximou, de forma genial, a estrutura do barroco de Johann Sebastian Bach com o espírito da música brasileira.
Villa-Lobos faleceu em 17 de novembro de 1959. Sua viúva, Arminda, dedicou sua vida a gerir sua obra, fundando o Museu Villa-Lobos em 1960. O impacto do maestro se estendeu à cultura pop: ele apareceu até mesmo no filme da Disney Alô, Amigos (1940), ao lado de Walt Disney.
Sua contribuição para a música é celebrada até hoje, imortalizada em parques, praças e na efígie das antigas notas de quinhentos cruzados. Villa-Lobos não apenas colocou o Brasil no mapa da música clássica mundial, como nos deu a trilha sonora de nossa própria identidade.