09/09/2025 06:19

Personalidades Históricas: Machado de Assis: O Gênio da Literatura Brasileira que Desvendou a Alma Humana

Machado de Assis

Machado de Assis

Machado de Assis
Machado de Assis

Ocupação
Escritor brasileiro

Data do Nascimento
21/06/1839

Data da Morte
29/09/1908 (aos 69 anos)

Conhecido como um dos maiores nomes da literatura brasileira e mundial, Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor que marcou o século XIX com sua genialidade. Sua obra, que se estende por romances, contos, crônicas e poesias, vai muito além de narrativas simples: ele era um mestre em analisar o comportamento humano, revelando as camadas de vaidade, egoísmo e hipocrisia que se escondem por trás das aparências.

Infância e a Paixão Pela Literatura

Nascido em um bairro humilde do Rio de Janeiro, Machado de Assis enfrentou uma infância difícil, marcada pela perda precoce de sua mãe aos dez anos. Apesar das adversidades, sua sede por conhecimento o impulsionou. Ele frequentou a escola pública, aprendeu latim com um padre amigo e, em um ato de grande determinação, aprendeu francês com um padeiro à noite. Devorando tudo o que caía em suas mãos à luz de velas, Machado já escrevia suas primeiras poesias, mostrando desde cedo seu talento.

Aos 15 anos, sua jornada literária começou oficialmente. Ele conheceu Francisco de Paula Brito, dono de uma livraria e tipografia, que publicou seu primeiro poema, “Ela”, no jornal “Marmota Fluminense”. A partir daí, Machado não parou de escrever, fazendo amizades com os intelectuais da época e consolidando sua presença nos círculos literários e jornalísticos.

Carreira, Casamento e Reconhecimento

Sua carreira floresceu rapidamente. Em 1856, tornou-se aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial e, em 1858, revisor de provas no “Correio Mercantil”. Em pouco tempo, Machado já colaborava com diversos jornais, escrevendo críticas teatrais e literárias, e se tornou uma figura conhecida na cena cultural do Rio de Janeiro, então capital do Império.

Em 1867, o próprio imperador Dom Pedro II o condecorou com o grau de “Cavaleiro da Ordem da Rosa”, reconhecendo seu talento e contribuição para as letras nacionais. Dois anos depois, ele se casou com Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta que se tornou sua revisora e companheira fiel por 35 anos. O casal não teve filhos, mas sua união foi marcada por uma profunda parceria intelectual e afetiva.

O ponto alto de sua trajetória foi a fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1896. Machado de Assis foi eleito o primeiro presidente e ocupou o cargo até sua morte. Em sua homenagem, a ABL é carinhosamente chamada de “Casa de Machado de Assis”, com uma estátua do escritor na entrada, um símbolo de sua imortalidade na cultura brasileira.

O Salto para o Realismo: A Revolução Literária de Machado

A obra de Machado de Assis é dividida em duas fases principais. Na primeira, chamada de fase romântica, seus romances como Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) ainda apresentavam traços do Romantismo. No entanto, já demonstravam uma linguagem menos descritiva e personagens movidos não apenas pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse.

No entanto, foi com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) que o escritor inaugurou o Realismo no Brasil. Esse foi o seu momento de virada, onde ele passou a aprofundar-se na análise psicológica dos personagens, desvendando a fragilidade existencial e a hipocrisia das relações humanas. O romance, narrado por um “defunto autor”, é uma crítica mordaz à sociedade e aos valores da época.

A partir daí, sua escrita se tornou ainda mais rica e complexa, culminando em obras-primas como:

  • Quincas Borba (1891): A história do ingênuo professor Rubião, que herda uma fortuna e se muda para o Rio de Janeiro, sendo explorado e manipulado até a loucura.
  • Dom Casmurro (1899): Seu romance mais famoso, que explora o ciúme e a dúvida do narrador Bentinho sobre a suposta traição de sua esposa, a enigmática Capitu.
  • Esaú e Jacó (1904): Um romance que reflete sobre a dualidade e a polarização da sociedade brasileira.
  • Memorial de Aires (1908): Seu último romance, escrito após a morte de Carolina, em que o narrador, um conselheiro aposentado, relembra suas memórias.

 

O legado de Machado de Assis se estende também aos seus contos, considerados por muitos como o ponto alto de sua produção. Dentre eles, destacam-se “O Alienista”, uma sátira sobre a loucura e a razão, e “Missa do Galo”, que aborda o despertar adolescente para o amor.

Os Últimos Anos e o Legado

Após a morte de sua esposa em 1904, Machado de Assis, já com a saúde abalada pela epilepsia, se recolheu. Em homenagem à sua amada, ele escreveu o tocante poema “À Carolina”, uma das mais belas manifestações de amor da literatura brasileira.

Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Seu velório e funeral foram acompanhados pelas maiores personalidades do país. O jurista Rui Barbosa fez um discurso de despedida, e o escritor foi levado em um cortejo fúnebre digno de um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Sua obra, entretanto, continua viva e influente, desafiando, encantando e fazendo-nos refletir sobre a natureza humana, a sociedade e a arte.

Machado de Assis (1839 - 1908)

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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