Prestes Maia
Ocupação:
Engenheiro civil, Arquiteto e Político
Data de Nascimento:
19/03/1886
Data da Morte:
26/04/1965 (69 anos)
Um Urbanista Visionário e Engenheiro de Formação
Francisco Prestes Maia (1896-1965) foi um engenheiro, arquiteto e, acima de tudo, um dos nomes mais influentes na consolidação do urbanismo moderno no Brasil. Sua trajetória é inseparável do crescimento da capital paulista.
Nascido em Amparo (SP), Maia se mudou para São Paulo aos 11 anos. Aos 15, ingressou na prestigiada Escola Politécnica da USP, onde se formou em Engenharia e Arquitetura e, mais tarde, dedicou dez anos à docência.
Sua carreira começou em 1917, no setor imobiliário, mas rapidamente migrou para a esfera pública. Ainda jovem, foi Diretor de Obras Públicas, onde projetou e coordenou obras monumentais para o centenário da independência, como a Avenida Dom Pedro I e o paisagismo do entorno do Museu do Ipiranga.
O Plano de Avenidas: A Bússola da Expansão
O marco definitivo de sua carreira, e um dos documentos mais cruciais do urbanismo brasileiro, é o “Plano de Avenidas” de São Paulo. Divulgado em 1930 em parceria com o engenheiro João Florence de Ulhôa Cintra, o Plano foi a primeira proposta urbanística a enxergar São Paulo como um organismo unificado — um projeto de 365 páginas que pensava a cidade como um todo, do centro às periferias.
O Plano definiu as regras de expansão que prevaleceram na metrópole até os anos 90, defendendo a intervenção do Estado para gerir o uso do solo e garantindo que os recursos para obras viessem de fundos públicos.
Entre as ideias centrais do Plano estão:
- O Sistema Y: Eixos viários radiais que atravessavam a cidade, como as futuras avenidas Tiradentes e Prestes Maia (no sentido Norte-Sul), e bifurcações em avenidas de fundo de vale, como as avenidas 9 de Julho e 23 de Maio.
- O Perímetro de Irradiação: Um circuito de novas avenidas no centro, pensado para captar o fluxo de trânsito antes que ele chegasse ao miolo central, prevenindo o congestionamento.
Prefeito Construtor: Dois Mandatos de Transformação
A visão de Prestes Maia só se concretizou quando ele assumiu a Prefeitura de São Paulo por duas vezes.
Primeira Gestão (1938-1945)
Nomeado durante o Estado Novo, Maia aproveitou a estabilidade financeira e o governo forte para implementar uma transformação radical na cidade:
- Implantação do Plano: Deu início à construção das avenidas 9 de Julho, 23 de Maio e Radial Norte.
- Obras-Chave: Urbanização do Vale do Anhangabaú, construção do Estádio do Pacaembu, da Ponte das Bandeiras e do Túnel da Avenida 9 de Julho.
- Marginal Tietê: Iniciou a retificação do Rio Tietê, liberando 17 km² de várzea, o que pavimentou o caminho para a futura Marginal.
Segunda Gestão (1961-1965)
Maia foi eleito em 1961, após três tentativas frustradas (duas para o governo estadual e uma para a prefeitura). Seu foco foi a normalização das finanças municipais, que resultou em um superávit notável. Durante este período, ele continuou o legado de obras, incluindo:
- A construção das pontes do Piqueri e Eusébio Matoso.
- O avanço na retificação do Rio Tietê.
- A implementação de um programa de pavimentação e drenagem em bairros periféricos.
Maia permaneceu no cargo mesmo após o golpe militar de 1964, mas faleceu em 1965.
Legado Perene
Embora suas ideias de priorizar o sistema viário para automóveis tenham sido criticadas posteriormente, o impacto de Prestes Maia na estrutura de São Paulo é inegável.
Sua influência se estendeu para além da capital, com planos urbanísticos elaborados para mais de dez cidades brasileiras, como Campinas, Santos, Belo Horizonte e Curitiba. Seu nome é hoje uma homenagem frequente em vias e construções, sendo a Avenida Prestes Maia (unificação de antigas avenidas centrais em 1965) um dos seus tributos mais visíveis.
Além de suas obras, o seu vasto acervo pessoal, composto por mais de 12 mil livros, plantas, e projetos de urbanismo, está hoje conservado na Biblioteca Municipal Francisco Prestes Maia, em Santo Amaro, servindo como uma fonte histórica crucial sobre a arquitetura e a evolução urbana do Brasil.