09/09/2025 20:38

Ondas Gigantes: Da Fúria da Natureza aos Recordes de Surf que Desafiam o Impossível

Ondas Gigantes: Da Fúria da Natureza aos Recordes de Surf que Desafiam o Impossível

O oceano, em sua imensidão, esconde forças colossais capazes de gerar ondas que desafiam a nossa imaginação. Algumas dessas ondas, verdadeiros colossos aquáticos, representam perigos iminentes para a sociedade, enquanto outras, igualmente impressionantes, atraem destemidos surfistas em busca da adrenalina e do recorde. Mergulhe conosco no fascinante mundo das maiores ondas já registradas em nosso planeta.

Nazaré: O Santuário das Montanhas de Água Surfáveis

A costa de Nazaré, em Portugal, ascendeu ao pódio mundial do surf de ondas gigantes por um motivo geológico singular: um cânion submarino de águas profundas esculpido no leito oceânico. Essa formação única concentra a energia das ondas do Atlântico, transformando-as em paredões líquidos de tirar o fôlego.

A maior onda já surfada foi registrada em Nazaré, Portugal, com 28,57 metros de altura, pelo surfista alemão Sebastian Steudtner. Este feito ocorreu em fevereiro de 2024, e o Steudtner superou seu próprio recorde anterior de 26 metros, que era o segundo maior da lista. Nos últimos 14 anos, essa pequena faixa do Atlântico tem sido palco de inúmeros recordes mundiais, e a explicação reside na sua geologia privilegiada.

O Canhão de Nazaré, com seus impressionantes 227 quilômetros de comprimento e 5 quilômetros de profundidade, estende-se perpendicularmente à costa portuguesa. Essa trincheira submarina funciona como um funil, canalizando a poderosa energia das ondas geradas em mar aberto diretamente para a costa.

Um estudo de 2015 da Universidade de Coimbra ilustra esse fenômeno: “Normalmente, ao se aproximarem da costa, as grandes ondas oceânicas começam a desacelerar devido à interação com o fundo do mar. No entanto, na costa de Nazaré, as ondas oceânicas se concentram no cânion submarino que aponta para a costa e não perdem energia até atingirem a costa próxima. Ao emergirem na cabeceira do cânion, encontram um fundo muito raso e, repentinamente, tornam-se extremamente altas.” Esse efeito de concentração é tão intenso que, a poucas centenas de metros do pico das ondas, perto da Praia do Norte, o mar se torna significativamente mais calmo.

Ondas Colossais que Desafiam a Escala Humana

Embora Nazaré seja o epicentro das maiores ondas surfáveis, a natureza, em momentos de fúria, pode gerar ondas ainda mais massivas, embora impróprias para o surf.

O Megatsunami do Alasca: Uma Muralha de Água de Mais de 500 Metros!

Um dos eventos mais impressionantes já registrados ocorreu em 10 de julho de 1958, quando um terremoto de magnitude 7,8 sacudiu a Falha Fairweather, no sudeste do Alasca. O abalo sísmico desencadeou o deslizamento de 90 milhões de toneladas de rocha na Baía de Lituya, gerando uma onda absolutamente colossal.

A força desse megatsunami foi devastadora, com danos florestais documentados a até 200 metros de altitude nas colinas que circundam a baía. Em uma parte específica da baía, as ondas atingiram uma elevação estimada em 524 metros – uma altura quase equiparável à do One World Trade Center, o arranha-céu mais alto da América do Norte e do Hemisfério Ocidental. Essa onda monumental demonstra a incrível energia liberada por eventos geológicos extremos.

Onda Extinção: O Tsunami Cósmico que Moldou a Vida na Terra

Em uma escala temporal muito maior, o impacto do asteroide de Chicxulub, o responsável pela extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos, provavelmente desencadeou um tsunami em forma de anel com ondas que atingiram incríveis 1,5 quilômetros de altura. Essa onda cataclísmica, emanando da Península de Yucatán, no México moderno, demonstra o poder destrutivo de eventos cósmicos e seu impacto na história da vida em nosso planeta.

O Tsunami Fantasma da Groenlândia: Um Gigante Oculto de 200 Metros

Um evento surpreendente e até então desconhecido ocorreu em setembro de 2023, na Groenlândia Ocidental: um megatsunami com ondas de aproximadamente 200 metros de altura. O fenômeno passou despercebido na época, mas sua magnitude foi revelada por pesquisadores em um estudo publicado no Seismic Record.

Ainda mais intrigante, um segundo estudo, publicado na revista Science, aponta que esse megatsunami foi a causa de um tremor de baixa intensidade detectado por sensores sísmicos em todo o mundo. Na época, a origem desse tremor permaneceu um mistério, mas a descoberta do megatsunami na Groenlândia oferece uma explicação surpreendente para um evento sísmico global. Esse “tsunami fantasma” demonstra como eventos naturais extremos em regiões remotas podem ter impactos sísmicos em escala global.

Das ondas surfáveis que desafiam recordes em Nazaré aos megatsunamis que remodelam paisagens e até mesmo a história da vida, o oceano continua a nos surpreender com sua força e magnitude. Compreender esses fenômenos extremos é crucial para a segurança da sociedade e para apreciarmos a incrível e, por vezes, assustadora, beleza do nosso planeta.

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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