10/09/2025 18:20

O Fim do Regime de Bashar al-Assad: Um Novo Amanhã para a Síria?

O Fim do Regime de Bashar al-Assad: Um Novo Amanhã para a Síria?

Na madrugada de domingo, 8 de dezembro, o Oriente Médio foi abalado por uma notícia histórica: Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de duas décadas, fugiu do país. O colapso de um regime que parecia intransigente não só encerra mais de 50 anos de domínio da família al-Assad, como também levanta questões cruciais sobre o futuro de uma nação devastada por uma guerra civil brutal.

A queda repentina do regime, que resistiu a 13 anos de conflitos, foi desencadeada pela impressionante Operação Dissuasão da Agressão. Liderada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e apoiada por facções turcas, a ofensiva começou na região de Idlib e se espalhou rapidamente por Aleppo, Hama e, finalmente, Damasco. Em poucos dias, a capital síria, que durante tanto tempo foi o coração do poder de Assad, caiu nas mãos da oposição.

O Desaparecimento de Assad e o Colapso de Damasco

Na noite de sábado, poucas horas antes da declaração de Damasco como “libertada”, Assad desapareceu. Informações indicam que ele deixou o país pelo Aeroporto Internacional de Damasco, pouco antes de as forças opositoras tomarem o controle. O paradeiro exato do ex-presidente permanece um mistério, mas especulações sugerem que ele possa estar na Rússia ou no Irã, seus principais aliados.

A queda de Damasco foi acompanhada por uma debandada das forças leais a Assad. Soldados abandonaram posições estratégicas, entregaram armas e desertaram em massa. Até mesmo tropas que protegiam áreas cruciais, como Quneitra, desertaram. Em Damasco, moradores descreveram o momento como “o desmoronamento de um castelo de cartas”, dando espaço a celebrações nas ruas, com cânticos e tiros de alegria.

O Fim de Uma Era de Repressão

A fuga de Assad marca o encerramento de mais de cinco décadas de controle da família al-Assad sobre a Síria. Desde 1970, quando Hafez al-Assad tomou o poder, o país foi governado com mão de ferro. Sob a presidência de Bashar, que herdou o cargo em 2000, o regime se destacou pela repressão brutal, tortura sistemática, uso de armas químicas e uma guerra civil que resultou em centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.

Nos últimos anos, a economia síria entrou em colapso, enquanto o regime se sustentava no tráfico ilegal de Captagon, uma droga estimulante, para financiar sua máquina de guerra. Essa situação intensificou o descontentamento popular e corroeu ainda mais o apoio ao governo, inclusive dentro do próprio exército.

Repercussões Globais e Impactos Regionais

A queda de Assad gerou reações rápidas e intensas no cenário internacional. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, viu a situação como uma oportunidade para unir a oposição síria e evitar que grupos extremistas explorassem o vácuo de poder. A Turquia, que há anos apoia facções opositoras, agora busca consolidar sua influência no território sírio.

Israel também celebrou o colapso do regime. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu descreveu a queda de Assad como “um golpe significativo na linha de resistência” formada por Irã, Hezbollah e outros aliados sírios. Para Israel, a saída de Assad representa um enfraquecimento do Irã, que perde um pilar fundamental de sua estratégia no Oriente Médio.

Por outro lado, o Irã considera a situação um golpe devastador para sua influência na região. Com Assad fora do poder, Teerã vê-se sem um aliado estratégico em sua tentativa de cercar Israel e expandir sua presença.

A Rússia, que foi um dos principais sustentáculos do regime sírio, também foi pega de surpresa. Embora o Kremlin tenha confirmado a saída de Assad, manteve silêncio sobre seu paradeiro. Essa queda representa uma derrota diplomática significativa para Moscou, que investiu recursos militares e políticos para sustentar Assad durante a guerra civil.

Países ocidentais, como Estados Unidos, França e Alemanha, reagiram com cautela. Embora a saída de Assad seja vista como um sinal positivo, há receios de que a Síria possa entrar em um novo ciclo de instabilidade. A ausência de um governo central forte pode abrir espaço para conflitos internos entre grupos opositores e extremistas.

Incertezas e Desafios no Futuro da Síria

A derrubada do regime de Assad deixa a Síria fragmentada em três blocos de poder:

1. As forças de oposição, lideradas pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que agora controlam grande parte do território, incluindo Damasco.

2. Os curdos, que dominam o nordeste do país com apoio dos Estados Unidos e buscam autonomia em meio ao caos.

3. As forças alauítas, que ainda mantêm controle sobre áreas costeiras com apoio do Irã.

Essa divisão torna improvável uma transição pacífica de poder. Embora unidos contra Assad, os grupos opositores possuem históricos de rivalidade e objetivos conflitantes. Além disso, a reconstrução da Síria será um desafio monumental, com infraestrutura destruída, uma economia devastada e milhões de refugiados espalhados pelo mundo.

Um Novo Capítulo para o Oriente Médio

A queda de Bashar al-Assad não apenas encerra uma era sombria na Síria, mas também abre um novo capítulo repleto de incertezas. O futuro do país dependerá da capacidade dos diferentes grupos de oposição de negociar uma solução política e da forma como potências regionais e globais agirão para preencher o vácuo de poder.

Enquanto muitos celebram o fim de um regime marcado por violência e repressão, especialistas alertam que a queda de Assad pode ser apenas o início de um novo ciclo de conflitos internos e disputas geopolíticas. A pergunta que paira no ar é: será possível construir uma Síria unificada e estável, ou o país continuará fragmentado e em guerra?

O mundo observa atentamente. O destino da Síria, mais uma vez, está em jogo.

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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Maria
Maria
9 meses atrás

Sinto muito pela população civil e pelos que se enfrentam por serem obrigados a lutar!

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