João Fonseca deu adeus a Wimbledon nesta sexta-feira (4), mas saiu de cabeça erguida. O jovem brasileiro, atual número 54 do mundo, foi superado pelo chileno Nicolás Jarry (143º) por 3 sets a 1 — parciais de 6/3, 6/4, 3/6 e 7/6(4) — e se despediu na terceira rodada. Apesar da derrota, Fonseca fez história: sua campanha é a terceira melhor de um brasileiro na chave de simples masculina de Wimbledon na Era Aberta, atrás apenas de Gustavo Kuerten (1999) e André Sá (2002), que chegaram às quartas de final.
Jarry agora enfrenta o britânico Cameron Norrie (61º) nas oitavas, enquanto Fonseca retorna ao Brasil para retomar os treinamentos. Seu próximo compromisso será o Masters 1000 de Toronto, no Canadá, a partir de 27 de julho, já em quadras rápidas.
Apesar das dificuldades físicas e do desempenho sólido de Jarry, Fonseca mostrou garra e determinação durante toda a partida. O carioca, de apenas 17 anos, precisou de atendimento médico duas vezes — uma no pé direito, durante o terceiro set, e outra na perna direita, no quarto — mas seguiu lutando até o último ponto.
A caminhada de Fonseca em Londres incluiu duas vitórias marcantes: na estreia, passou com autoridade pelo britânico Jacob Fearnley, por 3 sets a 0 (6/4, 6/1, 7/6(5)); na sequência, virou sobre o norte-americano Jenson Brooksby, vencendo por 3 sets a 1 (6/7, 5/7, 6/2, 6/4). Com isso, igualou sua melhor campanha em Grand Slams — ele também chegou à terceira rodada em Roland Garros.
Mais do que resultados, Fonseca encantou o público por sua maturidade em quadra e atitude positiva. Em Wimbledon, tornou-se o mais jovem jogador a alcançar a terceira rodada desde 2011, e revelou estar sonhando alto:
“É algo para se orgulhar. Tenho que valorizar o que estou fazendo, mas, ao mesmo tempo, quero sempre mais. Quero ir à quarta rodada, chegar nas quartas, ser campeão. Estou vivendo um sonho nesta semana”, declarou após sua segunda vitória.
Como foi o jogo

O duelo começou equilibrado, com ambos os jogadores mantendo seus saques. No oitavo game, Jarry conseguiu a primeira quebra e fechou o set por 6/3. No segundo, o chileno quebrou logo de início e controlou o ritmo para vencer por 6/4, apesar da resistência de Fonseca.
A reação veio no terceiro set. Mesmo após sentir o pé e receber atendimento médico, o brasileiro mostrou força, conseguiu quebrar o saque do adversário e fechou em 6/3. No quarto set, Fonseca teve múltiplas chances de quebra, mas Jarry se segurou com grande eficiência. Após novo atendimento médico, o carioca levou o set ao tie-break, mas viu o chileno fechar com autoridade por 7 a 4.
João Fonseca sai de Wimbledon com moral elevada, deixando claro que está preparado para voos ainda maiores no circuito profissional. Aos 17 anos, o futuro do tênis brasileiro está mais promissor do que nunca.
Em gesto comovente, Wimbledon quebra tradição centenária em homenagem a Diogo Jota

Wimbledon, o torneio de tênis mais tradicional do mundo, abriu uma exceção histórica nesta sexta-feira (4) para prestar uma emocionante homenagem a Diogo Jota. O tenista português Francisco Cabral entrou em quadra usando um discreto laço preto na camisa — um gesto simbólico que rompeu com a rígida tradição do vestuário totalmente branco, em vigor desde 1877.
A homenagem foi autorizada pela organização do Grand Slam, que flexibilizou o famoso código de vestimenta criado oficialmente em 1963. O gesto prestou tributo não só a Diogo Jota, atacante do Liverpool e da seleção portuguesa, mas também ao seu irmão, André Silva. Ambos faleceram tragicamente em um acidente de carro na Espanha, ocorrido na quinta-feira (3).
Apesar da eliminação na segunda rodada da chave de duplas masculinas — ao lado do austríaco Lucas Miedler, em derrota para os tchecos Petr Nouza e Patrik Rikl, por 6/3 e 7/6(9) — Cabral protagonizou um dos momentos mais marcantes do torneio até agora.
Após a partida, ainda visivelmente abalado, o português falou sobre a perda do compatriota:
“Foi uma notícia muito triste, não apenas para o esporte, mas para todo o país. Diogo era um ídolo, um verdadeiro ícone e uma pessoa incrível. Sempre me inspirou muito”, declarou Cabral com emoção.
A repercussão da tragédia foi imediata e global. Homenagens vieram de todas as partes do mundo esportivo: Cristiano Ronaldo, Jürgen Klopp, ex-companheiros de equipe e até clubes rivais como Everton e Manchester United expressaram pesar pela perda precoce de um dos nomes mais queridos do futebol português.