Domitila de Castro Canto e Melo
Ocupação
Amante de Dom Pedro I
Data de Nascimento
27/12/1797
Data da Morte
03/11/1867 (aos 69 anos)
Na galeria de figuras históricas do Brasil, poucas histórias são tão fascinantes e controversas quanto a de Domitila de Castro Canto e Melo, a célebre Marquesa de Santos. Muito mais do que uma simples amante, ela foi uma mulher à frente de seu tempo, cuja ambição, sagacidade e romance com o Imperador Dom Pedro I criaram um escândalo que abalou a corte e moldou o cenário político do império.
Uma Mulher que Desafiou o Destino
Nascida em 1797 em São Paulo, Domitila teve um início de vida marcado por um casamento difícil. Com apenas 15 anos, ela se casou com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça, mas logo se viu presa a um relacionamento violento. Em um ato de coragem incomum para a época, Domitila deixou o marido, retornando à casa de seus pais. O episódio de 1818, em que foi esfaqueada e ficou à beira da morte, selou sua determinação de recomeçar a vida longe daquele sofrimento.
Esse espírito indomável chamaria a atenção do homem mais poderoso do Brasil.
O Romance que Moldou uma Época
O encontro que mudaria para sempre a vida de Domitila e a história do império ocorreu em 1822, em São Paulo. O que começou como um interesse mútuo transformou-se em um dos mais ardentes e notórios romances da corte brasileira, com cartas apaixonadas que comprovam a intensidade da relação.
Em pouco tempo, a influência da Marquesa se tornou avassaladora. Domitila não só recebeu títulos e vasta fortuna, como também obteve para sua família posições de destaque. Em um gesto ousado, Dom Pedro a nomeou dama de honra de sua própria esposa, a Imperatriz Maria Leopoldina, em uma humilhação pública que ecoava por toda a corte. A Marquesa, que sonhava em se tornar imperatriz após a morte de Dona Leopoldina, exercia enorme poder nos bastidores, ocupando em muitas ocasiões o lugar de destaque que pertencia à Imperatriz.
A Queda e um Final de Paz
Apesar da paixão, o romance chegou ao fim por razões de estado. A fama de Dom Pedro como um homem promíscuo dificultava seu segundo casamento, e o casamento com a princesa Amélia de Leuchtenberg se tornou uma condição para a estabilidade do império. Em 1829, o Imperador tomou a difícil decisão de romper com Domitila, exilando-a da corte.
De volta a São Paulo, Domitila encontrou a paz. Em 1833, uniu-se ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, um rico fazendeiro com quem teve seis filhos em um relacionamento feliz que durou 24 anos. Em seus últimos dez anos de vida, dedicou-se a obras de caridade.
Domitila de Castro Canto e Melo faleceu em 1867, mas sua história de ambição, amor e resiliência continua viva. O solar onde viveu em São Paulo hoje abriga o Museu da Cidade, e sua vida continua a ser contada em filmes, minisséries e documentários, comprovando que a Marquesa de Santos é uma figura incontornável e fascinante da história do Brasil.
Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, está sepultada no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Ela foi enterrada num jazigo que ela mesma ajudou a financiar com uma doação para a capela do cemitério.