Antes da onda recente de intoxicações e mortes, o Brasil já enfrentou tragédias históricas causadas pela contaminação de bebidas alcoólicas com metanol. Este produto químico, extremamente tóxico, tem um histórico de devastação, principalmente quando misturado a destilados clandestinos.
O Pior Desastre: 37 Vidas Perdidas na Bahia (1999)
O caso mais grave chocou o país em 1999, no interior da Bahia. Após ingerirem uma cachaça de origem clandestina, 37 pessoas morreram e pelo menos 300 ficaram gravemente intoxicadas, precisando de atendimento médico.
- A Devastação: A contaminação atingiu cerca de dez municípios, como Serrinha e Iguaí. As vítimas sofreram com sintomas terríveis, incluindo cegueira, pressão alta, vertigem e fortes dores de cabeça.
- O Nível de Risco: Laudos periciais da época apontaram que a cachaça continha metanol em níveis até 500 vezes superiores ao limite de segurança.
- Sequelas Duradouras: O caso do cabeleireiro José Ronaldo Costa ilustra o drama: seu irmão sobreviveu, mas conviveu com dores de cabeça recorrentes e perda parcial da visão até falecer em 2015.
Na época, as autoridades reagiram de forma emergencial, interditando estabelecimentos, destruindo milhares de litros da bebida contaminada e investigando um esquema de produção artesanal.
O Cenário Atual e a Necessidade de Fiscalização
Embora o Ministério da Saúde registre uma média anual de 20 casos de intoxicação por metanol, os dados recentes acendem um alerta urgente.
- De junho de 2023 a outubro de 2025, o número de mortes sob investigação devido à contaminação já chega a 14, com 2 óbitos confirmados e 195 casos suspeitos espalhados por 14 estados e no Distrito Federal.
Historicamente, as vítimas de intoxicação direta por metanol eram pessoas em situação de vulnerabilidade. Contudo, os casos que envolvem bebidas alcoólicas adulteradas – consumidas por um público mais amplo – representam um risco de saúde pública que exige ação imediata.
Por isso, o Ministério da Agricultura intensificou as fiscalizações em parceria com as Polícias Federal e Civil para identificar os fornecedores e fabricantes envolvidos nos casos recentes.
Outros Episódios Marcantes de Intoxicação no Brasil
A adulteração de bebidas com metanol não é um problema novo no país:
- Diadema (SP), 1992: Quatro pessoas morreram e mais de 160 ficaram intoxicadas após consumirem o drink “bombeirinho” (mistura de pinga com groselha) em uma casa noturna. As vítimas sofreram com náuseas, dores de cabeça e problemas de visão.
- Santo Amaro (BA), 1990: A ingestão de cachaça contaminada deixou 16 mortos e mais de 60 intoxicados. Os sintomas eram severos e repentinos, incluindo fortes dores estomacais, vômitos e cegueira. A prefeitura chegou a proibir a venda de álcool e fechou uma fábrica clandestina.
Esses fatos reforçam a importância de jamais consumir bebidas de origem desconhecida ou sem registro, pois o metanol é um veneno que pode matar ou deixar sequelas permanentes, como a cegueira.
Fonte: Folha de São Paulo