12/09/2025 19:41

Adeus ao Príncipe das Trevas: Ozzy Osbourne Deixa um Legado Imortal de Rock e Rebeldia

Ozzy Osbourne

É com o coração pesado e uma tristeza que as palavras mal conseguem expressar que nos despedimos de uma verdadeira lenda. Nesta terça-feira, 22 de julho, o mundo da música perdeu uma das suas maiores forças, um ícone que moldou o heavy metal e inspirou gerações: Ozzy Osbourne. O lendário vocalista do Black Sabbath, o inconfundível “Príncipe das Trevas”, nos deixou aos 76 anos. Embora a causa oficial da morte ainda não tenha sido revelada, sabemos que ele enfrentava bravamente sérios problemas de saúde, incluindo o diagnóstico de Parkinson em 2019.

Neste domingo especial, em nosso blog, prestamos nossa sincera homenagem a um artista que foi muito mais que um músico. Ozzy Osbourne foi uma força da natureza, uma figura irreverente, carismática e, acima de tudo, um pioneiro. Sua voz marcante e sua presença de palco eletrizante elevaram o Black Sabbath a um patamar icônico, solidificando o heavy metal como um gênero musical poderoso e global. Ele nos ensinou que a arte pode ser bruta, autêntica e inesquecível.

Neste momento de luto, nossos sentimentos mais profundos se estendem à sua esposa, Sharon Osbourne, aos seus filhos e a todos os milhões de fãs que, como nós, foram tocados por sua genialidade e sua coragem. Ozzy, vindo de uma cidade industrial e cinzenta, transcendeu suas origens para dominar palcos globais e se tornou um símbolo de resiliência. Sua música é o eco de uma vida extraordinária, e seu legado, imortal.

Acompanhe nossa homenagem detalhada à vida e obra desse gigante do rock.

Infância e Adolescência: O Berço de um Ícone Inquieto

Antes de se tornar o “Príncipe das Trevas” que conhecemos, John Michael Osbourne nasceu em 3 de dezembro de 1948, em Marston Green, e cresceu na humilde região de Aston, em Birmingham, Inglaterra. Longe do glamour dos palcos, sua infância e adolescência foram marcadas por um ambiente familiar simples, com sua mãe, Lilian, operária em uma fábrica, e seu pai, John Thomas “Jack” Osbourne, um ferramenteiro que trabalhava em turnos noturnos. Em uma pequena casa de apenas dois quartos, Ozzy conviveu com três irmãs mais velhas e dois irmãos mais novos, um cenário que contrastava drasticamente com a grandiosidade que sua vida viria a ter.

Desde cedo, John Michael ganhou o apelido que o acompanharia para sempre: “Ozzy”. Seus anos escolares foram desafiadores; ele enfrentou a dislexia, uma condição que, na época, era pouco compreendida, dificultando seu aprendizado. A vida de Ozzy na infância foi marcada por traumas, incluindo um abuso sexual aos 11 anos, um evento que, sem dúvida, deixou cicatrizes profundas. A adolescência foi um período ainda mais turbulento, com tentativas de suicídio que revelam a angústia e a inquietude de um jovem que buscava seu lugar no mundo.

Aos 15 anos, Ozzy abandonou os estudos e se lançou na vida adulta, exercendo diversos trabalhos pesados e desafiadores, como pedreiro e açougueiro. Aos 17, um desvio de percurso o levou à prisão por roubo, onde cumpriu seis semanas. Mas, em meio a essa realidade difícil, uma luz brilhou: a música.

Ozzy era um fã apaixonado dos Beatles desde os 14 anos. Ele sempre creditou a canção “She Loves You” como o momento decisivo que acendeu sua paixão e o inspirou a seguir a carreira musical. Para ele, aquela música foi a epifania que o fez perceber: ele seria “um astro do rock pelo resto da vida”. E foi exatamente isso que ele se tornou, transformando uma infância e adolescência de desafios em um prelúdio para uma das carreiras mais icônicas da história do rock.

O Grito que Mudou o Rock: A Formação do Black Sabbath

Ozzy no álbum Black Sabbath em 1970
Ozzy no álbum Black Sabbath em 1970

A inquietude de Ozzy Osbourne encontrou seu palco quando, aos 19 anos, ele formou sua primeira banda, a The Polka Tulk Blues Band. Com um repertório influenciado por blues e rock, a banda passou por algumas transformações, chamando-se “Polka Tulk” e, mais tarde, “Earth”. Mas o destino reservava algo muito maior para Ozzy e seus companheiros.

Em 1969, um fato curioso mudou tudo: eles descobriram que já existia outra banda com o nome “Earth”. Foi então que a criatividade, misturada a um toque de genialidade sombria, entrou em ação. Enquanto caminhavam pelas ruas de sua cidade natal, Birmingham, Ozzy, Tony Iommi (guitarra), Bill Ward (bateria) e Geezer Butler (baixo) passaram em frente a um cinema que exibia um filme de terror. A visão inspirou uma ideia que revolucionaria a música:

“As pessoas pagam para ver isso? Para sentir medo? Pode ser que dê certo!”, pensaram Ozzy e Tony.

E assim, o nome do filme, que também inspirou uma composição de Geezer Butler, deu origem a uma lenda: nascia o Black Sabbath. A partir daquele momento, a banda não só adotou um nome marcante, mas também uma temática que se tornaria sua assinatura: canções sobre morte, trevas e o lado mais sombrio da existência, algo inédito e revolucionário para a época.

Ascensão e Turbulência: O Black Sabbath Conquista o Mundo

Com o lançamento do álbum “Paranoid”, o Black Sabbath explodiu em sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. Eles não apenas venderam discos; eles criaram um gênero, o heavy metal, e uma legião de fãs que se identificavam com sua sonoridade pesada e suas letras profundas.

Paranoid, Black Sabbath
Paranoid, Black Sabbath

Contudo, o caminho para o estrelato não foi fácil. Com o passar do tempo e o lançamento dos álbuns subsequentes, a tensão aumentava. Conflitos eram constantes entre Ozzy e os outros membros, muitas vezes intensificados pelo uso de álcool e drogas, que marcavam a cena do rock daquele período. Essa dinâmica explosiva, embora geradora de músicas icônicas, também desgastou as relações.

Tristemente, em 27 de abril de 1979, por insistência de Tony Iommi e com o apoio de Geezer Butler e Bill Ward, Ozzy Osbourne foi expulso do Black Sabbath. O álbum “Never Say Die!” (1978) marcou o último trabalho com a formação original da banda que ele ajudou a criar e a tornar lendária.

A saída de Ozzy do Black Sabbath foi um divisor de águas, mas, como o mundo logo descobriria, era apenas o começo de outra jornada extraordinária para o “Príncipe das Trevas”.

O Reinado Solitário: A Explosiva Carreira Solo de Ozzy Osbourne

A saída do Black Sabbath em 1979 poderia ter sido o fim para qualquer um, mas para Ozzy Osbourne, foi apenas o início de um novo e lendário capítulo. Decidido a provar seu valor, ele mergulhou de cabeça em sua carreira solo, formando a icônica banda Blizzard of Ozz. Ao seu lado, talentos que fariam história: o guitarrista genial Randy Rhoads, o baixista Bob Daisley e o baterista Lee Kerslake.

Blizzard of Ozz
Blizzard of Ozz

O álbum de estreia, “Blizzard of Ozz”, lançado em 1980 na Inglaterra e no ano seguinte no resto do mundo pela Jet Records (CBS), foi um marco imediato. A combinação do vocal inconfundível e personalíssimo de Ozzy com o talento inovador e virtuoso de Randy Rhoads foi explosiva. Hits como “Crazy Train” e “Mr. Crowley” não demoraram a dominar as paradas, alcançando a sétima posição na Inglaterra e a vigésima primeira nos Estados Unidos, solidificando a nova fase de Ozzy como um sucesso estrondoso.

Impulsionados por esse sucesso, Ozzy e a banda voltaram ao estúdio às pressas em 1981 para gravar seu segundo álbum, “Diary of a Madman”. A urgência era tanta que até ensaios de Randy Rhoads, como o solo em “Little Dolls”, foram parar na versão final. Infelizmente, nenhum dos integrantes originais da banda participou da mixagem final, um sinal das tensões que começavam a surgir. Para a turnê norte-americana, Tommy Aldridge (bateria) e Rudy Sarzo (baixo) assumiram os lugares, e o sucesso foi inegável: o álbum vendeu 500 mil cópias em menos de cem dias! Apesar de Sharon e Ozzy terem estendido a turnê, a falta de ingressos vendidos em alguns locais gerou cancelamentos, mostrando os altos e baixos da vida na estrada.

O lançamento do segundo álbum impulsionou uma turnê pela Europa, mas a exaustão cobrou seu preço: após apenas três shows, Ozzy teve um colapso nervoso. De volta aos EUA para se recuperar, ele retornou com força total, em uma superprodução de palco que contava com 25 técnicos da Broadway e Las Vegas, além de recursos de última geração. Com o primeiro álbum vendendo seis mil cópias por semana, o “Príncipe das Trevas” estava de volta e mais grandioso do que nunca!

O Morcego, a Tragédia e a Virada de Jogo

Foi nessa época que um dos acontecimentos mais surreais e lendários de sua carreira aconteceu. Durante um show, um fã atirou um morcego ao palco. Ozzy, pensando que era um brinquedo de plástico, mordeu a cabeça do animal. O incidente viralizou, e ele teve que tomar várias vacinas antirrábicas, que lhe causaram choques anafiláticos e outros problemas de saúde. A imprensa chegou a noticiar sua morte, prontamente desmentida pelo próprio vocalista, que, com seu humor ácido, ironizou: “Sei que pessoas podem morrer de raiva após serem mordidas por morcegos, mas nunca ouvi falar que alguém pode morrer de raiva por ter mordido um morcego.” A repercussão gerou protestos de entidades de proteção animal e até o cancelamento de alguns shows, mas a turnê, no entanto, seguiu em frente.

Em meio a essa ascensão meteórica, uma tragédia abalou a banda profundamente. Em 19 de março de 1982, a caminho de um show em Orlando, o guitarrista Randy Rhoads e a maquiadora Rachel Youngblood, junto com o motorista Andrew C. Aycock, sofreram um acidente aéreo fatal. A asa do avião, pilotado por Aycock, colidiu com o ônibus da banda – a poucos centímetros de onde Sharon e Ozzy dormiam –, antes de explodir. A perda de Randy, que era como um irmão e um parceiro musical insubstituível para Ozzy, o lançou em uma profunda depressão. Os planos para um álbum ao vivo foram adiados, e Ozzy optou por uma coletânea de clássicos do Black Sabbath com o guitarrista Brad Gillis (Night Ranger), lançada como “Speak of the Devil” nos EUA e “Talk to the Devil” na Inglaterra.

Novos Rumos, Novas Batalhas: De "Bark at the Moon" à Luta Contra o Vício

Livre dos compromissos com a Jet Records, Ozzy assinou com a Epic Records. Em um encontro com executivos da gravadora, Sharon Osbourne, buscando publicidade, planejou que Ozzy soltasse duas pombas. Mas, fiel ao seu estilo imprevisível e remetendo ao incidente do morcego, Ozzy soltou uma e, chocantemente, arrancou a cabeça da outra a dentadas, garantindo novamente as manchetes.

Bark at the Moon
Bark at the Moon

No final de 1983, com Jake E. Lee assumindo as guitarras, Ozzy lançou “Bark at the Moon”. Apesar das boas críticas, o álbum abraçou os modismos da época, com forte presença na MTV e uma turnê com o Mötley Crüe, distanciando-se do classicismo de Randy Rhoads. Contudo, a controvérsia não demorou a surgir. Em outubro de 1984, um jovem de 19 anos cometeu suicídio, e a polícia encontrou seu corpo com a música “Suicide Solution” tocando em seus fones de ouvido. Isso levou a três processos de incitação ao suicídio contra Ozzy. Em 1986, a Suprema Corte da Califórnia arquivou o caso, confirmando que a música, escrita após a morte de Bon Scott (AC/DC) por hipotermia, na verdade, era um alerta sobre os perigos do abuso de álcool.

Em 1986, com Randy Castillo na bateria e Philip Soussan no baixo, Ozzy lançou “The Ultimate Sin”. Apesar do sucesso da faixa “Shot in the Dark”, o próprio Ozzy e a crítica o consideram um de seus trabalhos mais fracos. Em 1987, motivado por fãs que queriam material inédito de Randy Rhoads, Ozzy lançou “Tribute”, uma emocionante homenagem ao amigo falecido, com material inédito do guitarrista.

As discussões entre Ozzy e Jake E. Lee se tornaram frequentes devido ao crescente envolvimento de Ozzy com álcool e drogas. Isso levou à substituição de Lee por Zakk Wylde, pouco antes da gravação de “No Rest for the Wicked”. Este álbum foi aclamado pela crítica, com sucessos como “Crazy Babies” e “Breaking All the Rules”, e destaque para “Miracle Man”, uma crítica mordaz à hipocrisia do pastor Jimmy Swaggart, que pregava contra Ozzy e, ironicamente, foi flagrado em um motel com prostitutas.

Reuniões, Novas Lutas e o Início do Fim das Turnês

No final dos anos 80, houve rumores de uma reunião histórica do Black Sabbath, após uma apresentação em Donington. No entanto, desavenças entre Sharon e os empresários da banda impediram o retorno definitivo. Em 1990, Geezer Butler se juntou a Ozzy para o álbum ao vivo “Just Say Ozzy”, que combinava canções de sua carreira solo e clássicos do Black Sabbath.

No More Tears
No More Tears

O ano de 1991 marcou uma grande virada pessoal: Ozzy iniciou uma árdua batalha contra o alcoolismo. Essa mudança de vida se refletiu em seu aclamado álbum “No More Tears”, repleto de baladas como “Mama, I’m Coming Home” e “Time After Time”, letras autobiográficas como “Road to Nowhere” e discussões sobre temas sérios, como abuso sexual infantil (“Mr. Tinkertrain”). O sucesso foi coroado com um Grammy de Melhor Música para “I Don’t Want to Change the World”.

Ozzy surpreendeu a todos ao intitular sua turnê de “No More Tours”, levando os fãs a crerem que seria sua última. Ele afirmava que estava cansado das viagens e queria passar mais tempo com a família. Mesmo com cancelamentos de shows devido à síndrome de abstinência, a turnê gerou o álbum e vídeo duplos “Live and Loud”.

Em novembro de 1992, em um dos shows finais da turnê, uma surpresa inesquecível: todos os membros originais do Black Sabbath subiram ao palco para apresentar quatro clássicos. Ao final, um painel de fogos de artifício exibia a frase: “I’ll be back” (“Eu voltarei”). Esse momento gerou um vídeo apenas com as músicas do Sabbath, e em 1993, Ozzy estava, oficialmente, “aposentado”. “Mama, I’m Coming Home” continuava no topo das paradas.

O Retorno, Ozzfest e os Últimos Capítulos

A aposentadoria não durou muito. Em 1995, Ozzy reuniu sua banda para lançar “Ozzmosis”. A turnê subsequente, batizada sugestivamente de “Retirement Sucks” (Aposentadoria é uma Droga), era a clara explicação para seu retorno. Zakk Wylde voltou, mas acabou sendo substituído por Joe Holmes (ex-David Lee Roth). Geezer Butler também não permaneceu, dando lugar a Robert Trujillo.

Além das turnês, Ozzy e Sharon Osbourne criaram o lendário Ozzfest em 1996, um festival que se tornou um marco para o metal, reunindo grandes nomes como Sepultura, Slayer, Pantera e, claro, o próprio Ozzy e até mesmo o Black Sabbath em algumas edições. O Ozzfest cresceu, ganhando dois palcos e uma versão europeia, consolidando-se como um dos maiores eventos de metal do mundo.

The Ozzman Cometh: Greatest Hits
The Ozzman Cometh: Greatest Hits

De volta ao estúdio, Ozzy lançou a coletânea “The Ozzman Cometh: Greatest Hits” (1997), com três músicas inéditas, incluindo “Back on Earth” em parceria com Steve Vai. Não satisfeito, ele reuniu os membros originais do Black Sabbath para gravar o álbum ao vivo “Reunion” (1998) e ainda fez um dueto com o rapper Busta Rhymes em uma releitura do clássico “Iron Man”, chamada “This Means War!!”.

O Ozzfest continuou a ser um sucesso estrondoso, com edições lotadas. Em 2001, rumores de um novo álbum do Black Sabbath com Rick Rubin surgiram, mas a gravadora Epic priorizou o novo trabalho solo de Ozzy. Para acalmar os fãs, foi lançada a coletânea dupla “Ozzfest: Second Stage Live”. No final de 2001, “Down to Earth” foi lançado, garantindo a Ozzy seu 14º “disco de ouro” da R.I.A.A.

Em 2002, o mundo conheceu a família Osbourne de uma forma inédita com o reality show “The Osbournes” na MTV, que registrou a caótica e divertida convivência de Ozzy, Sharon e seus filhos, transformando-os em estrelas da TV. No mesmo ano, Ozzy recebeu uma estrela na calçada da fama em Hollywood e foi convidado para um jantar na Casa Branca, em reconhecimento ao seu trabalho de proteção animal.

Em 2007, o álbum “Black Rain” foi muito bem recebido pela crítica, reafirmando o status de Ozzy como um dos maiores ícones da música. Em 2008, ele fez um show memorável no Brasil e recebeu o prêmio de lenda viva no Classic Rock Awards na Inglaterra. Nesse mesmo ano, participou de um divertido comercial do game “World of Warcraft”, decidindo quem era o verdadeiro príncipe das trevas.

Em 2011, a notícia que todos os fãs esperavam: o Black Sabbath anunciou o retorno do vocalista, entrando em estúdio em 2012 para uma turnê mundial. Em 2013, Ozzy lançou o single “God is Dead?” e, em um ato de grande coragem, revelou que havia passado seis meses do ano anterior novamente viciado em drogas e analgésicos, quase destruindo seu casamento, mas que estava “limpo” e pedia desculpas aos fãs. No mesmo ano, fez três shows esgotados no Brasil com o Black Sabbath (Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo).

Em 2014, Ozzy e o Black Sabbath planejavam um novo álbum com Rick Rubin e uma turnê final, mas, um ano depois, a ideia de um novo disco foi descartada. Em janeiro de 2016, o Black Sabbath lançou oficialmente seu último trabalho, o álbum “The End”, acompanhado de uma derradeira turnê mundial que culminou com um show emocionante em Birmingham, a cidade onde tudo começou, em 4 de fevereiro de 2017.

Após o fim do Sabbath, Ozzy retomou sua carreira solo, apresentando-se em eventos grandiosos, como o show do intervalo do jogo de abertura da temporada regular da NFL em 2022, divulgando seu álbum “Patient Number 9”, considerado um dos mais antecipados do ano pela Metal Hammer.

No final de 2024, surgiu a empolgante notícia de que Ozzy e Geezer Butler tinham a intenção de reunir o Black Sabbath para uma apresentação ao vivo final de Ozzy. Em fevereiro de 2025, essa reunião da formação original foi anunciada para um concerto beneficente em Birmingham, em 5 de julho. Este, infelizmente, seria seu último concerto, tanto com o Black Sabbath quanto em carreira solo, marcando o fim de uma era.

A carreira solo de Ozzy Osbourne é uma prova de sua resiliência, sua capacidade de se reinventar e seu talento inquestionável. Ele não apenas sobreviveu às adversidades, mas também as transformou em hinos que ressoarão para sempre na história do rock.

A Luta do Guerreiro: Os Desafios de Saúde e a Partida de Ozzy Osbourne

A vida de Ozzy Osbourne, marcada por excessos e uma energia inesgotável nos palcos, também foi uma jornada de intensas batalhas pessoais, especialmente contra a saúde. Nos últimos anos, o “Príncipe das Trevas” enfrentou uma série de desafios que, embora o tivessem afastado dos holofotes, nunca ofuscaram sua resiliência e seu espírito de luta.

O Acidente de Quadriciclo e as Sequências Duradouras

Em dezembro de 2003, um grave acidente de quadriciclo em sua propriedade rural na Inglaterra mudou tudo. Ozzy sofreu múltiplas fraturas nas costelas e uma vértebra do pescoço, sendo hospitalizado em estado grave e precisando de ajuda para respirar. Houve até relatos de que ele chegou a parar de respirar por um breve período, sendo reanimado por um segurança – um lembrete assustador da fragilidade da vida.

A cirurgia de emergência foi apenas o começo de uma longa e dolorosa recuperação. O acidente não só trouxe novas lesões, mas também agravou problemas preexistentes, deslocando pinos e hastes de metal que já estavam em sua coluna. Os médicos, em um primeiro momento, previam sequelas duradouras e até a possibilidade de paraplegia. Contudo, com força de vontade inabalável, cirurgias adicionais e um período intenso de reabilitação, Ozzy desafiou os prognósticos e, para a alegria dos fãs, conseguiu retornar aos palcos.

Infecções, Pneumonia e o Diagnóstico de Parkinson

Os desafios de saúde continuaram. Em outubro de 2018, Ozzy contraiu duas sérias infecções na mão, que o levaram à internação e o obrigaram a adiar o restante de sua turnê “No More Tours 2” – que, inclusive, havia passado pelo Brasil.

A situação se complicou ainda mais em fevereiro de 2019, quando Ozzy foi levado para a UTI com bronquite. A preocupação era imensa, pois, caso evoluísse para pneumonia, a condição poderia ser fatal para o artista, que havia acabado de completar 70 anos. Frustrado, ele teve que adiar novamente sua turnê europeia, que contaria com a participação da banda Judas Priest. Felizmente, Ozzy se recuperou da pneumonia e foi liberado da UTI, voltando para casa para prosseguir sua recuperação. Sharon Osbourne, sua esposa e pilar, tranquilizou os fãs, afirmando que ele estava “ótimo” e respirando sem aparelhos. Rob Halford, vocalista do Judas Priest, expressou solidariedade, citando a própria batalha de Glenn Tipton, guitarrista de sua banda, contra o Parkinson, como um exemplo de força.

Ainda em 2019, enquanto se recuperava da pneumonia, uma queda em casa causou uma lesão no pescoço, agravando ainda mais sua mobilidade, já comprometida desde o acidente de 2003. Ele passou por outra cirurgia e recebeu hastes de aço na coluna. Foi nesse período de recuperação que veio a público o diagnóstico que o mundo conheceria em janeiro de 2020, em uma emocionante declaração no programa Good Morning America: Ozzy Osbourne estava com Mal de Parkinson. Sharon detalhou que era o tipo “PRKN2”, explicando que, embora não fosse uma “sentença de morte”, afetava “certos nervos do corpo”.

A Luta Final e o Legado de Resiliência

Ao longo dos últimos anos, a locomoção de Ozzy foi progressivamente comprometida pela doença e pelas múltiplas lesões na coluna e pescoço. Ele foi visto usando bengala, andador e, por fim, cadeira de rodas, mal conseguindo ficar de pé e passando boa parte do tempo na cama. Debilitado fisicamente, o artista também enfrentou um crescente quadro de depressão, passando a tomar antidepressivos.

“Cheguei a um patamar mais baixo do que eu queria. Nada me parecia realmente bom. Nada. Então, comecei a tomar antidepressivos. Você aprende a aproveitar o momento, porque não sabe [o que vai acontecer]. Você não sabe quando vai acordar e não vai conseguir sair da cama”, desabafou o artista, revelando a profundidade de sua batalha interna.

A Partida de uma Lenda: O Eterno Príncipe das Trevas

Com uma tristeza imensa, informamos que Ozzy Osbourne faleceu em 22 de julho de 2025, aos 76 anos. Em um comunicado emocionante, sua família declarou: “É com mais tristeza do que palavras podem expressar que temos que informar que nosso querido Ozzy Osbourne faleceu esta manhã. Ele estava com sua família e cercado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento.” A causa oficial de sua morte não foi divulgada.

O mundo do rock perdeu seu “Príncipe das Trevas”, mas o legado de Ozzy Osbourne é imortal. Sua vida foi uma sinfonia de altos e baixos, de genialidade e irreverência, de caos e coragem. Ele nos deixou uma obra musical que transcende gerações, um espírito de rebeldia que inspirou milhões e a prova de que mesmo diante das maiores adversidades, é possível lutar e deixar uma marca inesquecível.

Ozzy Osbourne viveu uma vida para ser contada, e sua música continuará ecoando para sempre. Descanse em paz, lenda.

BLACK SABBATH - "Paranoid"

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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Maria
Maria
1 mês atrás

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