A figura do Papa, líder da Igreja Católica e chefe de Estado do Vaticano, transcende a noção convencional de “salário”. Ao contrário de outros líderes mundiais, o pontífice não recebe uma remuneração fixa, mas sim o suporte integral da Igreja para suas necessidades, em um sistema que reflete a simplicidade e o desapego material que marcam o papado, especialmente o de Francisco.
A Vida Simples e o Voto de Pobreza
Francisco, membro da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas), fez voto de pobreza ao ingressar na ordem religiosa, um compromisso que moldou seu estilo de vida e sua visão de mundo. Em diversas ocasiões, ele enfatizou a importância da humildade e do desprendimento material, declarando no documentário “Amém: Perguntando ao Papa” que não se preocupa com dinheiro: “Quando eu preciso de dinheiro para comprar sapatos ou outra coisa, eu peço. Eu não tenho um salário, mas isso não me preocupa porque eu sei que serei alimentado de graça”.
Sua famosa declaração, “Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”, ecoa o chamado à simplicidade e à solidariedade com os mais necessitados, um tema central de seu pontificado.
O Sustento da Igreja e a Transparência Financeira
Embora não receba um salário formal, o Papa tem acesso aos recursos do Vaticano para cobrir suas despesas, incluindo moradia, alimentação e transporte. Além disso, ele dispõe de um fundo de caridade para ajudar os necessitados, financiado por doações dos fiéis (o Óbolo de São Pedro), investimentos e rendimentos das propriedades da Igreja.
Francisco tem se empenhado em promover a transparência nas finanças do Vaticano, criando a Secretaria para a Economia e órgãos internos de controle contra a corrupção e a lavagem de dinheiro. A reforma da Cúria Romana, impulsionada por escândalos financeiros, busca “melhorar o emprego dos recursos e dos programas, em particular aqueles dirigidos aos pobres e marginalizados”.
A Herança e o Legado de Humildade
A questão da herança do Papa é complexa. Embora ele possa possuir bens adquiridos antes do pontificado, todos os bens adquiridos durante o papado pertencem à Igreja. No caso de Francisco, conhecido por sua vida simples e desapego material, é improvável que haja um patrimônio significativo.
Ganhos com livros escritos antes do papado podem integrar a herança, enquanto os rendimentos de obras escritas durante o pontificado revertem para a Igreja. É comum que os papas deixem testamentos, destinando seus bens a instituições de caridade vinculadas à Igreja Católica, à própria Igreja ou a familiares.
No caso de Francisco, que tem apenas uma irmã viva e dois sobrinhos, a expectativa é que qualquer patrimônio pessoal seja destinado à Igreja, em consonância com seu legado de humildade e serviço aos mais necessitados.
Fonte: Folha de São Paulo
Gostei muito artigo, amplia conhecimentos