Após 16 anos de espera, o MorumBIS testemunhou a redenção épica dos irmãos Gallagher diante de uma nova geração de fãs que, finalmente, entenderam a magnitude dessa banda.
A Redenção em São Paulo: 66 Mil Fãs por Noite
Durante seu auge nos anos 90, o Oasis nunca conseguiu ser, no Brasil, a atração de estádio que era na Argentina ou em outros lugares. Sua única apresentação para um grande público no país, no Rock in Rio 2001, foi ofuscada pela histeria em torno do Guns N’ Roses.
Mas o tempo, como dizem, faz justiça.
Após 16 anos de brigas e separação, a reunião dos lendários irmãos Liam (voz) e Noel Gallagher (guitarra) para uma nova turnê gerou uma comoção sem precedentes no país. O resultado? Dois shows lotados no MorumBIS, em São Paulo, com um público estimado de 66 mil fãs por noite.
Ao lado dos membros originais Paul “Bonehead” Arthurs, Gem Archer e Andy Bell, o Oasis finalmente assumiu o seu devido lugar no panteão dos gigantes do rock em solo brasileiro.
O Rock Atemporal Venceu a Polêmica
O que explica essa transformação e a ocupação de um espaço gigantesco que não era possível antes? A renovação orgânica da base de fãs.
Muitos dos presentes no MorumBIS eram jovens que nunca vivenciaram a era de ouro da banda. Eles cresceram consumindo a obra atemporal do Oasis, ignorando as polêmicas públicas entre Liam e Noel e focando na essência: os riffs, as melodias contagiantes e as letras simples, mas poderosas, que dialogam com qualquer geração.
Álbuns como Definitely Maybe (1994) e, principalmente, * (What’s the Story) Morning Glory* (1995) – um dos 10 discos de rock mais ouvidos da história do Spotify – provaram ser mais fortes do que qualquer desavença.
Catarse Garantida: Os Hits Inegociáveis
O setlist da turnê de reunião foi um presente direto para a alma do fã. Liam e Noel entenderam o óbvio: o público queria a ambição e a fome da primeira metade dos anos 90.
Das 23 canções executadas, 20 vieram desse período mágico. O show começou com uma sequência explosiva que não deu tempo para respirar: “Hello”, “Acquiesce”, “Morning Glory” e “Some Might Say”.
O público foi ao delírio no bloco seguinte, com a pureza ardente de “Cigarettes & Alcohol” — que contou com o tradicional Poznan (momento em que os fãs pulam de costas para o palco, abraçados) — e a inesquecível “Supersonic”.
O Final Apoteótico da História
Em um momento de delicadeza, o show abriu espaço para o excelente vocal de Noel Gallagher em canções como “Talk Tonight” e “Half the World Away”, mostrando a versatilidade dos irmãos. Mas a apoteose final foi reservada apenas para os hits incontestáveis.
O encerramento foi uma declaração de amor ao legado do grupo, com “Live Forever” e “Rock ‘n’ Roll Star”.
O bis transformou o MorumBIS em um coro gigante e inesquecível, com a trinca de ouro: “Don’t Look Back in Anger”, “Wonderwall” e, fechando com fogos, a épica “Champagne Supernova”.
E Agora? O Fim ou um Novo Começo?
Embora esses shows tenham sido os últimos compromissos anunciados, e a relação volátil de Liam e Noel seja conhecida, seria pura loucura pararem agora.
Os irmãos protagonizaram uma das reuniões mais aclamadas do rock nas últimas décadas e, pela primeira vez na carreira, puderam desfrutar plenamente do amor de milhões, sem contestações ou polêmicas.
Que o triunfo no MorumBIS não seja um ponto final, mas sim o passo inicial para a continuação de uma das histórias mais importantes do rock mundial.
Fonte: Revista Rolling Stone