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O Caso das Calças Perdidas que Valiam US$ 54 Milhões: Uma Comédia de Erros Legais

O Caso das Calças Perdidas que Valiam US$ 54 Milhões: Uma Comédia de Erros Legais

Por mais absurdo que pareça, esta é uma história real que nos faz questionar a sanidade do sistema jurídico: o caso Pearson v. Chung de 2007, que ficou eternizado como o “Caso das Calças de US$ 54 Milhões”.

Tudo começou com um par de calças cinzas. Sim, um par de calças que, na mente de seu dono, o então juiz administrativo Roy Pearson, valiam mais que um arranha-céu.

A Tragédia das Calças Cinzas e o Pesadelo Americano

Em maio de 2005, Pearson entregou suas calças (que ele descreveu com detalhes quase épicos, cinzas com “listras azuis e vermelhas”) na lavanderia local Custom Cleaners, de propriedade da família Chung, imigrantes sul-coreanos que mal falavam inglês.

Quando Pearson voltou, recebeu um par de calças cinza-escuras. Ele bateu o pé: “Não são minhas!” Os Chung, confusos com o registro, a etiqueta e o recibo que diziam o contrário, recusaram-se a pagar os US$ 1.000 que Pearson exigia como indenização pelo tecido “perdido”.

A recusa foi o estopim. Em vez de aceitar um pedido de desculpas e seguir em frente, Pearson fez o que qualquer pessoa razoável faria: entrou com um processo pedindo US$ 67 milhões. Mais tarde, em um gesto de extrema moderação, ele reduziu a demanda para meros US$ 54 milhões.

A Farsa Legal e a "Satisfação Garantida"

O caso foi a julgamento em 2007. Pearson, representando a si mesmo, não estava mais tão preocupado com as calças em si, mas sim com a fraude causada pelas placas na vitrine dos Chung, que prometiam “Serviço no Mesmo Dia” e “Satisfação Garantida”.

Para Pearson, essas placas eram promessas incondicionais de perfeição. Ele exigia ressarcimento por “desconforto, inconveniência e sofrimento mental” (US$ 2 milhões, para ser exato), além de US$ 15 mil para alugar um carro todo fim de semana para ir a outra lavanderia. O restante dos US$ 51,5 milhões? Seria para ajudar outros consumidores supostamente lesados a processarem suas próprias lavanderias. Uma verdadeira cruzada.

O advogado dos Chung ironizou o argumento: as placas só seriam fraude se uma pessoa razoável pudesse ser enganada por elas. No tribunal, Pearson chegou a desabar em lágrimas ao explicar sua frustração. É claro que foi necessário um recesso para que o juiz pudesse respirar.

O Verossímil Desfecho e a Ironia do Destino

No dia 25 de junho de 2007, a juíza decidiu a favor dos Chung. Chocante, não é? O juiz que processava por US$ 54 milhões por causa de uma calça perdeu o caso.

O epílogo é ainda mais dramático:

  1. Consequências para o Demandante: Pearson, que era juiz, foi avaliado como carente de “temperamento judicial” devido ao seu litígio frívolo e perdeu o emprego com salário de mais de US$ 100 mil. Tentou processar o Distrito de Columbia por US$ 1 milhão por demissão injusta e perdeu novamente. Anos depois, ainda levou uma suspensão de 90 dias da prática jurídica por “litígio frívolo”.
  2. Vitória Moral dos Chung: Os Chung, que consideravam voltar à Coreia do Sul por causa do estresse, receberam uma onda de apoio global. Doações cobriram todos os seus honorários advocatícios (cerca de US$ 100 mil). Eles retiraram o pedido de ressarcimento judicial contra Pearson, apenas na esperança de que ele parasse de litigar. Spoiler: ele apelou da decisão.

O caso foi um banquete para a imprensa, sendo apelidado de “The Great American Pants Suit” (O Grande Processo das Calças Americanas) e rendeu a Pearson o carinhoso apelido de “Judge Fancy Pants” (Juiz Calças Chiques).

Essa saga é a definição perfeita do “pesadelo americano” para uma família trabalhadora e um exemplo épico da necessidade de bom senso no sistema judicial. E tudo por um par de calças cinzas. Fim.

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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Maria
Maria
12 dias atrás

Deus nos proteja de um juiz assim! E que delicia saber que ele perdeu o caso, o cargo e sai desmoralizado! Justiça para os Chungs! 😁

Daniel Rodrigues
Daniel Rodrigues
12 dias atrás

Se fosse no Brasil o próprio juiz iria julgar a seu favor e condenar a família. Provavelmente estariam presos

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