Com uma estimativa de 1,4 bilhão de fiéis católicos ao redor do mundo, a Igreja Católica é uma das instituições mais influentes da história. Mas, por trás da sua inestimável relevância espiritual, existe uma poderosa estrutura financeira que gera fascínio e curiosidade. Afinal, qual é o valor exato do Vaticano, a sede do catolicismo, e como essa riqueza é gerida?
A Igreja Católica Apostólica Romana é a maior e mais rica instituição religiosa do mundo, com uma fortuna que pode chegar a centenas de bilhões de dólares. Embora dados públicos sejam limitados, algumas análises apontam para um valor que oscila entre US$ 47 bilhões e impressionantes US$ 265 bilhões. O Vaticano, como centro administrativo desse vasto império, compartilha e administra uma parte significativa desse patrimônio.
A Contabilidade do Vaticano: Bilhões em Ativos e Lucros Constantes
Em julho de 2025, a agência central de gestão de ativos do Vaticano (conhecida como APSA) divulgou seu relatório anual, revelando números que dão uma dimensão mais clara de seu poder financeiro. O valor total de seus ativos financeiros e imobiliários atingiu € 2,6 bilhões (cerca de R$ 16,9 bilhões).
Além disso, o Vaticano registrou um lucro de € 62,2 milhões (R$ 403,4 milhões) em 2024, um aumento expressivo de 35,5% em relação ao ano anterior. Deste lucro, a maior parte, € 38,1 milhões (R$ 247,1 milhões), veio de investimentos. Cerca de € 46,09 milhões foram repassados para o orçamento geral do Vaticano, enquanto o restante foi retido para novos investimentos.
A Administração do Patrimônio da Santa Sé (APSA) é o órgão responsável por gerir essa fortuna, garantindo os fundos necessários para o funcionamento da Cúria Romana, a estrutura administrativa da Igreja.
Um Império Imobiliário Global
A riqueza do Vaticano vai muito além de investimentos financeiros. A APSA revelou que a Santa Sé possui um portfólio de mais de 5.400 propriedades imobiliárias em todo o mundo.
- Na Itália: Destas, 4.234 estão localizadas na Itália, com 92% delas concentradas na área ao redor de Roma.
- No Mundo: Outros 1.200 imóveis se espalham por cidades estratégicas como Paris, Genebra, Lausanne e Londres, evidenciando uma presença global significativa.
O Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente conhecido como o “Banco do Vaticano”, também desempenha um papel importante, embora com uma função específica. Fundado em 1942, o IOR é uma instituição financeira privada que tem como missão salvaguardar e administrar bens destinados a obras religiosas ou de caridade.
O Tratado de Latrão e as Propriedades Históricas
A base legal que sustenta as propriedades da Santa Sé é o Tratado de Latrão. Assinado em 1929 entre a Itália de Mussolini e a Santa Sé do Papa Pio XI, este acordo histórico reconheceu a Cidade do Vaticano como um estado independente. O tratado resolveu a chamada “Questão Romana” e estabeleceu a soberania do Vaticano, permitindo a gestão autônoma de seu vasto patrimônio.
Parte dessa herança é composta por alguns dos edifícios religiosos mais ilustres e venerados do mundo, muitos deles reconhecidos como Patrimônios Mundiais da UNESCO.
- Basílica de São Pedro: Um dos santuários católicos mais sagrados e a maior igreja da cristandade, consagrada em 1626.
- Palácio Apostólico: O edifício mais exclusivo do Vaticano, que abriga os aposentos papais, os Museus do Vaticano e a Biblioteca. Nele, encontramos a Capela Sistina, com seus afrescos de Michelangelo, e as Salas de Rafael, que representam o auge da pintura renascentista.
- Museus do Vaticano: Fundados em 1506, abrigam uma das coleções de arte mais importantes do planeta. Em 2024, atraíram quase sete milhões de visitantes, um testemunho de seu inestimável valor cultural.
- Basílicas Extraterritoriais: A Santa Sé também possui propriedades extraterritoriais de grande importância, como a Arquibasílica de São João de Latrão e a Basílica de São Paulo Extramuros, que possuem um status especial, mantendo sua autonomia mesmo estando fora dos muros do Vaticano.
- Santuários e Basílicas na Itália: Outras propriedades notáveis incluem o Santuário da Santa Casa de Loreto, a Basílica de São Francisco de Assis e a Basílica de Santo Antônio de Pádua, todos locais de peregrinação e de grande valor histórico e religioso.
O Vaticano, com sua intrincada estrutura financeira e seu vasto portfólio de imóveis, não é apenas um centro espiritual, mas também um império com uma riqueza inestimável, gerenciada com precisão e voltada para a manutenção de suas operações globais e de seu legado histórico e cultural.
Sou católica, mas nunca tive vontade de conhecer o Vaticano.