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Personalidades Históricas: Ana Néri: A Heroína da Enfermagem Brasileira Que Desafiou a Guerra e o Tempo

Personalidades Históricas: Ana Néri: A Heroína da Enfermagem Brasileira Que Desafiou a Guerra e o Tempo

Ana Néri

Ana Néri
Ana Néri

Ocupação
Enfermeira brasileira

Data do Nascimento
13/12/1814

Data da Morte
20/05/1880 (aos 65 anos)

No coração da Bahia, em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, nasceu em 1814 uma mulher que mudaria para sempre a história da saúde no Brasil: Ana Justina Ferreira Néri. Pioneira, visionária e com uma coragem inabalável, Ana Néri se tornaria a primeira enfermeira brasileira, cujo legado ecoa até hoje em cada hospital e em cada profissional de saúde.

Casada aos 23 anos com um capitão da Marinha que passava a vida em alto-mar, Ana Néri aprendeu cedo a assumir as rédeas de sua casa e de sua vida. Aos 29, ficou viúva, mas a maternidade solo de três filhos só fortaleceu sua resiliência. Mal sabia ela que a maior prova de sua força ainda estava por vir.

(Curiosidade: A casa onde Ana Néri nasceu, um belo edifício do século XVIII em Cachoeira, é hoje um museu, o Hansen Bahia, um testemunho vivo de sua origem.)

A Guerra Clama, uma Mãe Responde

Em 1865, o Brasil entrava na sangrenta Guerra do Paraguai. A nação clamava por seus filhos, e os de Ana Néri – o cadete Pedro Antônio e os médicos Isidoro Antônio Filho e Justiniano de Castro Rebelo – foram convocados para o campo de batalha. Imagine a dor de uma mãe vendo seus filhos partirem para o incerto.

Foi então que Ana Néri fez um gesto de amor e patriotismo que ecoaria pela história. Em 8 de agosto de 1865, com o coração partido, ela escreveu uma carta ao presidente da província da Bahia, oferecendo seus serviços como enfermeira voluntária. Suas palavras eram um grito de determinação:

“… satisfarei ao mesmo tempo os impulsos de mãe e os deveres de humanidade para com aqueles que ora sacrificam suas vidas para honra e brio nacionais e integralidade do Império.”

Seu pedido foi aceito. Aos 51 anos, sem nenhuma experiência formal em enfermagem, Ana Néri partiu de Salvador para o Rio Grande do Sul, onde absorveu os primeiros conhecimentos de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Logo, foi integrada ao corpo de saúde do Décimo Batalhão de Voluntários do exército imperial.

No Inferno da Guerra, um Anjo de Cuidado

O cenário nos hospitais militares de Corrientes, Salto, Humaitá e Assunção era desolador. Milhares de soldados feridos, enfermarias improvisadas, materiais escassos, higiene precária. Além dos ferimentos de guerra, doenças como cólera, tifo, malária e varíola ceifavam vidas. Poucos escapavam.

Mas em meio ao caos, a dedicação de Ana Néri se destacava. Com uma abnegação ímpar, ela revolucionou o que pôde. Usando seus próprios recursos, montou em Assunção, capital paraguaia sitiada, uma enfermaria modelo na própria casa em que morava. Ali, naquele espaço de esperança e cuidado, ela trabalhou incansavelmente até o fim da guerra. Foi ali também que enfrentou a maior das dores: a perda de seu filho Justiniano e de um sobrinho, que se alistara como voluntário.

Um Legado de Condecorações e Reconhecimento Eterno

Um Legado de Condecorações e Reconhecimento Eterno
Tela de Anna Nery pintada por Vitor Meirelles de Lima (1987)

Ao final da guerra, em 1870, Ana Néri retornou ao Brasil, trazendo consigo quatro órfãos de guerra que resgatou para criar – um testamento de sua imensa humanidade. Seu heroísmo não passou despercebido. Foi condecorada com as prestigiosas Medalhas de Prata Humanitária e da Campanha. O Imperador Dom Pedro II, em reconhecimento à sua bravura e serviço, concedeu-lhe uma pensão vitalícia, com a qual ela pôde educar sua família.

Ana Néri faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 1880. Mas seu espírito e sua dedicação jamais morreriam.

Em 1923, a primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no Brasil foi fundada por Carlos Chagas. Três anos depois, em 1926, ela recebeu o nome que a imortalizaria: Escola de Enfermagem Ana Néri, uma justa homenagem à mulher que pavimentou o caminho da enfermagem profissional em nosso país.

Seu retrato, uma obra de corpo inteiro de Víctor Meireles, ocupa um lugar de honra no paço municipal de Salvador. E para que seu legado jamais seja esquecido, o Dia do Enfermeiro é comemorado em 20 de maio, a data de sua morte, celebrando a vida e a dedicação daquela que nos ensinou o verdadeiro significado de cuidar.

Ana Néri - (1814 - 1880)

Foto de Thiago Igor

Thiago Igor

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Maria
Maria
2 meses atrás

Que história emocionante, Brasil tem sua Madre Tereza 🙏

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