As lendas do Rei Arthur, Excalibur, Merlin e os Cavaleiros da Távola Redonda sempre foram fascinantes, e muito disso se deve à monumental obra “Le Morte d’Arthur”, de Sir Thomas Malory. Esse livro, de 1485, é a fonte de quase tudo que conhecemos sobre a lenda. E é aqui que entra “Excalibur”, o filme de 1981, dirigido por John Boorman. Para mim, esta é A versão cinematográfica definitiva, um filme que captura a essência mágica e atemporal da lenda de um jeito que poucos conseguiram.
Boorman tentou tirar esse projeto do papel por anos. Curiosamente, antes de “Excalibur”, ele chegou a escrever um roteiro para “O Senhor dos Anéis” que acabou sendo considerado caro demais. Mas o destino, ou talvez Merlin, sabia o que fazia! O que sobrou daquela experiência, Boorman trouxe para “Excalibur”, e o resultado é pura magia.
Um Conto Sombrio, um Universo Fascinante


“Excalibur” não é uma historinha infantil. Ele mergulha fundo na complexa saga de Arthur, Guinevere, Lancelot e as intrigas de Merlin e Morgana Le Fey. O filme é sombrio, quase de alma negra, mostrando o lado mais brutal e humano (ou desumano) de seus personagens, incluindo o próprio Arthur. É uma fantasia que não poupa a violência ou a traição, mas que usa esses elementos para contrastar honra e egoísmo, amor e ódio. As imagens são violentas, sim, mas têm uma beleza quase onírica, de pesadelo, que te prende.
Os atores entregam atuações que variam, mas Nicol Williamson como Merlin é um show à parte, com uma aura misteriosa e imponente. E Helen Mirren como Morgana é simplesmente hipnotizante, roubando a cena a cada aparição. Eles são o coração pulsante dessa narrativa.
A Trilha Sonora: A Alma da Obra
Mas o que realmente eleva “Excalibur” a outro patamar, o que o torna uma experiência quase mística, é sua trilha sonora. Composta por Trevor Jones, ela mistura temas originais com peças clássicas monumentais, como o poderoso “Carmina Burana” de Carl Orff e as composições arrebatadoras de Richard Wagner, como “Tristão e Isolda”.
Essa trilha sonora não é um mero acompanhamento; ela é uma personagem por si só. Ela inebria, hipnotiza e arranca o espectador do sofá, transportando-o para o centro das intrigas arturianas. É ela que faz você sentir a força de Excalibur, a paixão dos amantes e a melancolia de um reino em ruínas. A música te envolve de tal forma que você sente cada duelo, cada feitiço, cada traição.
“Excalibur” é um filme que transcende a tela. É uma experiência imersiva que dá vida a uma lenda milenar, um presente visual e sonoro que merece ser visto e revisto.
Se você quer entender o poder duradouro das lendas arturianas, mergulhe neste clássico. Você não vai se arrepender.
Ficha Técnica

Excalibur (1981)
A espada mágica de Excalibur pertencia ao Lord britânico Uther Pendragon, anos mais tarde, passa para as mãos do seu filho bastardo, Arthur, um servente destinado à se tornar rei. Ajudado pelo mago Merlin, Arthur cumpre o seu destino, reunindo os cavaleiros da Távola Redonda em Camelot para unificar o país. No entanto, este monarca enfrenta grandes desafios à sua frente em busca do amor, do Cálice de Cristo e da sobrevivência de sua nação.
Onde assistir: PRIME VIDEO (alugar)
Diretor: John Boorman
Elenco: Nigel Terry, Helen Mirren, Cherie Lunghi