09/06/2025 15:32

Nos Bastidores do Apocalipse Nazista: Os Últimos e Perturbadores Dias de Adolf Hitler

Nos Bastidores do Apocalipse Nazista: Os Últimos e Perturbadores Dias de Adolf Hitler

(Foto: De acordo com relatos de testemunhas, o bunker de Hitler era escassamente mobiliado e decorado. No escritório do ditador, havia um retrato do rei Frederico, ‘o Grande’, da Prússia, a quem ele admirava – © Getty Images)

“Do quartel-general, foi informado que nosso Führer, Adolf Hitler, lutando até seu último suspiro contra o bolchevismo, morreu pela Alemanha nesta tarde.” A voz fria e solene da Rádio Hamburgo, interrompendo a beleza da Sétima Sinfonia de Bruckner naquela noite de 1º de maio de 1945, ecoou pelo mundo, selando o destino de um dos homens mais sombrios da história. A notícia da morte daquele que, aos olhos de muitos, personificava o mal absoluto, correu como um raio.

Contudo, a narrativa nazista se desfez com o tempo. O artífice da Segunda Guerra Mundial não pereceu em combate como um herói, mas sim em um ato final de desespero, um tiro no isolamento de seu bunker subterrâneo, no dia anterior ao anúncio oficial. Oitenta anos depois, a figura de Adolf Hitler ainda paira sobre a história, envolta em mitos e especulações sobre seus derradeiros momentos.

Com a precisão de documentos históricos e a análise perspicaz de três renomados especialistas, a BBC News Mundo nos convida a uma reconstituição visceral dos últimos dias do ditador que sonhou com um Reich milenar, mas legou ao mundo um rastro de destruição e horror.

Em Retirada: O Cerco se Aperta Sobre o Terceiro Reich

1944 marcou o ponto de inflexão para a Alemanha nazista. A invasão aliada na Normandia, a libertação de Roma e o implacável avanço soviético a leste prenunciavam uma derrota iminente. Mas Hitler, irredutível, recusava-se a capitular.

O historiador alemão Harald Sandner, cuja pesquisa exaustiva culminou na monumental obra “Hitler — O Itinerário”, traça com precisão os movimentos finais do Führer. Após a fracassada ofensiva nas Ardenas, considerada a última cartada militar nazista, Hitler retornou a Berlim em 16 de janeiro de 1945, e dali não mais sairia, exceto por uma breve visita à linha de frente em março.

À medida que os bombardeios aliados castigavam Berlim com crescente intensidade, Hitler se refugiava cada vez mais fundo no bunker sob a Chancelaria, o palácio de poder que ele próprio havia erguido. A partir de 24 de janeiro, o subterrâneo se tornou seu lar permanente. No início de abril, suas aparições na superfície se tornaram raras, enquanto a artilharia soviética, já a poucos quilômetros da cidade, desferia um ataque implacável, como relata o historiador britânico Thomas Weber. Hitler passou a maior parte de sua última semana de vida no bunker, emergindo brevemente apenas em seu aniversário, 20 de abril, para receber visitas protocolares, e em 23 de abril, para um derradeiro passeio no jardim, onde foram registradas suas últimas imagens.

No labirinto subterrâneo, Hitler não estava sozinho. Seu círculo íntimo, incluindo Eva Braun, Martin Bormann, Joseph Goebbels e sua família, conselheiros militares, secretárias e guarda-costas, compartilhavam a claustrofóbica tumba.

O Führerbunker: Frio, Úmido e Sombrio Refúgio Final

O Führerbunker, com seus 30 cômodos subterrâneos, contrastava drasticamente com a opulência da Chancelaria acima. Escassamente mobiliado e desprovido de decoração, suas paredes e teto de quatro metros de espessura ofereciam proteção contra as bombas aliadas, enquanto um sistema de ventilação e geradores garantiam a habitabilidade.

No entanto, o conforto era uma miragem. A historiadora britânica Caroline Sharples descreve o bunker como um espaço confinado, frio, úmido, barulhento e malcheiroso, perpetuamente iluminado por luz artificial, desorientando seus ocupantes quanto à passagem do tempo e intensificando a sensação de claustrofobia.

O ambiente sombrio era agravado pelas notícias catastróficas que chegavam da frente de batalha. A derrota era um espectro onipresente, e o clima no bunker era de crescente depressão, como atesta Harald Sandner. A rotina de Hitler, paradoxalmente, permanecia quase inalterada: longas horas de sono, briefings militares diários e monólogos noturnos para suas secretárias.

Entre Contra-Ataques Fantasmagóricos e Traições Reveladas

No dia seguinte ao seu 56º aniversário, em 21 de abril, Hitler ordenou contra-ataques desesperados para romper o cerco soviético, ignorando a realidade de que as divisões no mapa eram meros agrupamentos de homens sem recursos. Apenas um dia depois, ao constatar a entrada do Exército Vermelho em Berlim e o fracasso de suas ordens, o ditador finalmente admitiu em voz alta o inevitável: “Não posso continuar. Meu sucessor vai assumir.”

Apesar dessa admissão, Hitler rejeitou o apelo de Albert Speer para fugir para os Alpes. Sua suposta renúncia chegou aos ouvidos de Hermann Goering, seu antigo sucessor designado, que enviou um telegrama pedindo permissão para assumir o comando. A reação de Hitler foi de fúria, culminando na ordem de destituição e ameaça de execução por traição.

Mas a traição não parou por aí. Em 28 de abril, a notícia de que Heinrich Himmler, chefe da temida SS, negociava secretamente com os Aliados abalou Hitler profundamente. “Todos mentiram para mim, todos me enganaram, ninguém me disse a verdade. As Forças Armadas mentiram para mim, e agora a SS me abandonou”, teria exclamado o ditador.

A Última Chance Desperdiçada e a Determinação Sombria

Enquanto as tropas soviéticas avançavam implacavelmente, Hitler anunciou sua decisão final: não deixaria Berlim e tiraria a própria vida. Uma última oportunidade de fuga surgiu entre 26 e 27 de abril, quando a aviadora Hanna Reitsch conseguiu pousar um avião perto da Chancelaria. No entanto, Hitler, imbuído de uma visão distorcida de seu papel como chefe de Estado, optou por permanecer, acreditando que seu dever era lutar até o fim na capital, sem jamais se importar com sua própria segurança.

A notícia da brutal execução de Mussolini e sua amante por partisans italianos em 28 de abril reforçou a determinação sombria de Hitler, cujo estado físico e mental se deteriorava rapidamente. Testemunhos, como o de seu guarda-costas Johann Rattenhuber, o descrevem como “literalmente destruído”, com um rosto “uma máscara de medo e confusão”, um olhar vazio e uma voz quase inaudível. Especialistas atribuem essa decadência não apenas à derrota militar, mas também ao uso prolongado de drogas e ao mal de Parkinson que o afligia.

Em um último ato surpreendente, em 29 de abril, Hitler se casou com Eva Braun em uma breve cerimônia no bunker. Longe de celebrar, ele começou a se despedir de seus leais seguidores e ditou seu testamento político à sua secretária, Gertrud Junge. Preso entre a certeza da derrota e uma tênue esperança em soluções mágicas, Hitler parecia acreditar que as forças aliadas hesitariam em travar uma guerra urbana contra fanáticos combatentes nazistas. Essa ilusão, porém, não se concretizou. Em sua mente distorcida, a culpa pela derrota recaía sobre o próprio povo alemão, que, em sua visão, não havia lutado com heroísmo suficiente.

O Pacto Final e a Origem das Sombras da Conspiração

Naquele mesmo dia, Hitler tomou uma decisão final e irrevogável: não apenas tiraria a própria vida, mas ordenaria a destruição de seus restos mortais, buscando evitar a humilhação da captura ou da exposição pública pelos soviéticos. “Minha esposa e eu escolhemos a morte para evitar a vergonha da destituição ou da capitulação. Nossos corpos devem ser queimados imediatamente”, declarou em seu testamento.

Por volta das 15h30 de 30 de abril, no isolamento de um cômodo do bunker, Eva Braun ingeriu uma cápsula de cianeto, enquanto Hitler disparava contra sua própria têmpora. Minutos depois, seus guarda-costas cumpriram sua última ordem, carregando os corpos cobertos para o jardim, depositando-os em uma cratera de bomba, encharcando-os com gasolina e ateando fogo.

A preocupação obsessiva de Hitler com o destino de seu corpo após a morte plantou a semente para décadas de teorias da conspiração, alimentadas pela própria União Soviética. Joseph Stalin, ciente da posse dos restos mortais de Hitler desde maio de 1945, deliberadamente semeou dúvidas entre os aliados ocidentais sobre sua morte.

No entanto, para Thomas Weber, a ideia de uma fuga bem-sucedida para a América do Sul contradiz a personalidade megalomaníaca de Hitler. Privado do poder e do reconhecimento que alimentavam seu ego, uma existência isolada e clandestina seria insuportável para um homem que ansiava incessantemente por contato social e adulação. Assim, a verdade, por mais sombria que seja, reside nos relatos do bunker e nos documentos históricos: Adolf Hitler encontrou seu fim em um ato de desespero, deixando para trás um legado de horror que a humanidade jamais poderá esquecer.

Fonte: BBC NEWS

Nota: Este artigo é uma edição de um texto originalmente publicado pela BBC News Mundo. Realizamos uma cuidadosa adaptação do conteúdo, buscando preservar a integridade das informações e a clareza da narrativa. Nosso objetivo foi apresentar os fatos de maneira acessível e envolvente, com a máxima atenção para evitar qualquer distorção do conteúdo original devido a uma possível má interpretação do texto fonte.

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Thiago Igor

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Maria
Maria
1 mês atrás

Que o ventre da besta que pariu um ser como este seque para sempre!

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